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Emoções e Sentimentos: Entenda a Diferença segundo a neuropsicologia?

20/07/2025

Na linguagem cotidiana, costumamos usar os termos “emoção” e “sentimento” como se fossem sinônimos. No entanto, na neuropsicologia, esses dois fenômenos têm origens, funções e estruturas cerebrais diferentes. Entender essa diferença é essencial para o desenvolvimento da inteligência emocional, do autoconhecimento e para a compreensão clínica dos processos psíquicos.

Emoção: O Corpo que Reage

As emoções são reações biológicas automáticas do organismo a estímulos internos ou externos. Elas se manifestam antes mesmo da nossa consciência poder nomeá-las ou compreendê-las. Imagine, por exemplo, a súbita aceleração dos batimentos cardíacos ao ouvir um barulho inesperado: essa é uma resposta emocional.

Segundo o neurocientista Joseph LeDoux (1998), a amígdala, estrutura localizada no sistema límbico, pode ser ativada antes mesmo que a informação sensorial chegue ao córtex cerebral, o que explica por que muitas emoções são instantâneas e não dependem de reflexão consciente.

Além disso, o psicólogo Paul Ekman (2003) identificou um conjunto de emoções básicas — como alegria, raiva, medo, nojo, tristeza e surpresa — que são universais, presentes em todas as culturas e observáveis por meio da expressão facial.

Do ponto de vista cerebral, essas reações envolvem estruturas como a amígdala, o hipotálamo, o tálamo e o tronco encefálico. Essas regiões, pertencentes ao chamado “cérebro emocional”, são responsáveis por desencadear reações físicas como suor, tensão muscular, alteração da respiração e mobilização energética.

Sentimento: A Mente que Interpreta

Os sentimentos surgem posteriormente às emoções. Eles são a representação mental e consciente daquilo que o corpo já sentiu, como descreve o neurologista Antonio Damasio (1996). Ou seja, enquanto a emoção acontece no corpo, o sentimento acontece na mente.

Damasio explica que o sentimento é “a percepção consciente dos estados emocionais do corpo”. É quando a pessoa interpreta e dá significado ao que sentiu, podendo expressar isso em palavras: “senti medo”, “me sinto rejeitado”, “estou triste”.

Esse processo envolve áreas mais recentes do cérebro humano, especialmente o córtex pré-frontal, responsável por funções superiores como linguagem, julgamento, memória e tomada de decisões. É por isso que os sentimentos são mais duradouros, subjetivos e profundamente influenciados pela história de vida, cultura e contexto simbólico de cada indivíduo.

Emoção e Sentimento: Diferenças Fundamentais

A emoção é inata, biológica e instintiva, surgindo como uma reação rápida do corpo diante de um estímulo. Já o sentimento é construído, simbólico e interpretativo, surgindo quando o sujeito se dá conta da emoção vivida e a integra à sua consciência.

Essa distinção pode ser descrita da seguinte forma:

Tempo: a emoção vem primeiro; o sentimento vem depois.

Localização cerebral: emoções surgem no sistema límbico; sentimentos são processados no córtex pré-frontal.

Consciência: emoção pode ser inconsciente; sentimento é sempre consciente.

Duração: emoções tendem a ser breves; sentimentos podem durar muito mais tempo.

Influência cultural: emoções são universais; sentimentos são moldados pela cultura e pela linguagem.

Um exemplo clássico: ao ver uma cobra, você sente uma descarga de adrenalina e medo — essa é a emoção. Minutos depois, você pensa: “fiquei apavorado”, e começa a evitar lugares semelhantes — esse é o sentimento.

Por Que Essa Diferença Importa?

Na prática clínica, essa distinção é fundamental. Muitos pacientes chegam ao consultório expressando sentimentos (“estou angustiado”, “me sinto vazio”), mas sem compreender as emoções primárias que os geraram. A escuta terapêutica ajuda o sujeito a fazer essa travessia — do corpo que sente à mente que simboliza — promovendo integração psíquica e saúde emocional.

Além disso, saber diferenciar emoção de sentimento é essencial para o desenvolvimento da autorregulação emocional, habilidade central na prevenção de transtornos como ansiedade, depressão, fobias e reações impulsivas.

Segundo o neurocientista Jaak Panksepp (1998), os sistemas emocionais são herdados filogeneticamente, mas podem ser modulados pela experiência, especialmente quando o sujeito é capaz de nomear e dar sentido ao que sente. Essa capacidade simbólica é o que transforma a emoção bruta em sentimento elaborado um dos pilares da psicoterapia.

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