Cérebro cansado não quer descanso. Quer distração

Por que, mesmo exaustos, buscamos o celular ao invés do repouso?

Vivemos uma era de estímulos constantes. Notificações, vídeos curtos, mensagens e feeds infinitos criam um ambiente onde o silêncio se torna quase insuportável. Mesmo quando o corpo pede pausa, o cérebro já habituado à dopamina do digita exige mais estímulo. O resultado é um paradoxo moderno: quanto mais cansados, mais distraídos ficamos.

A neurociência do cansaço e da distração

Segundo o neurocientista Daniel Levitin, autor de “The Organized Mind”, a multitarefa constante típica do uso intenso de tecnologias não é sustentável. Cada vez que alternamos entre tarefas (como responder mensagens, ver stories ou ouvir áudios enquanto tentamos relaxar), o cérebro gasta mais energia para "reiniciar" os circuitos de atenção.

Essa exaustão cognitiva leva ao que ele chama de "fadiga decisional", um estado em que a mente está tão sobrecarregada que perde a capacidade de tomar boas decisões inclusive a de simplesmente descansar.

Vício em estímulo: uma fuga emocional

Esse comportamento é também explicado pela psicologia psicanalítica. Para Freud, o aparelho psíquico tenta evitar o desprazer. Quando o silêncio emocional traz angústia ou contato com afetos reprimidos, buscamos evitar isso através de estímulos externos.

Winnicott, por sua vez, falava da importância da "capacidade de estar só" como um marco da saúde psíquica. Muitos adultos hoje não desenvolveram essa capacidade, e por isso não conseguem simplesmente estar em silêncio ou repouso sem buscar distrações.

O culto à produtividade e a culpa do descanso

O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, em “A Sociedade do Cansaço”, argumenta que vivemos uma era em que o sujeito se explora a si mesmo em nome da performance. Isso gera uma incapacidade de se desligar, uma culpa crônica ao descansar, e uma falsa ideia de que "estar parado" é sinônimo de fracasso.

Não à toa, cada vez mais pessoas apresentam sintomas como:

Insônia mesmo após um dia exaustivo;
Irritabilidade sem motivo aparente;
Ansiedade ao "ficar sem fazer nada";
Sensação de que nunca é o suficiente, mesmo com produtividade.

Descanso é saúde mental

Descansar não é luxo, é necessidade biológica e psíquica. O descanso verdadeiro não acontece com o celular na mão, mas em experiências de presença, silêncio e conexão com o corpo. Isso pode incluir:

Dormir bem;
Fazer pausas reais durante o dia;
Caminhar sem estímulos auditivos;
Meditar ou respirar com consciência;
E principalmente: permitir-se parar sem culpa.

A psicoterapia é um espaço seguro para identificar esses padrões, trabalhar a autorregulação emocional e reconstruir uma relação mais humana com o tempo, com o corpo e com o próprio limite.

Quer entender por que você não consegue descansar?
A equipe do Espaço Psiconeuro pode te ajudar.

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