12/06/2025
Você já se pegou apaixonado(a) de novo por alguém “igual” aos seus antigos relacionamentos? Mesmo tipo de personalidade, mesma dinâmica emocional, talvez até os mesmos conflitos?
Às vezes parece amor à primeira vista…
Mas e se for amor à primeira repetição?
A psicologia, especialmente a psicanálise, aponta que nossos vínculos afetivos adultos não surgem do acaso. Muitas vezes, eles são marcados por padrões emocionais inconscientes, que carregamos desde a infância.
Freud: o amor como retorno ao passado
Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, já observava que tendemos a buscar no outro aquilo que vivemos em nossas relações primárias — especialmente com os pais e cuidadores.
Segundo ele, o amor está ligado a experiências infantis não resolvidas, que são revividas nos relacionamentos adultos. Quando nos sentimos constantemente rejeitados, sufocados ou não vistos em nossas relações, é possível que estejamos repetindo situações afetivas da infância.
Essa tendência é o que Freud chamou de “compulsão à repetição”: uma tentativa inconsciente de reviver e, de alguma forma, reparar aquilo que foi doloroso — ou de repetir o que foi familiar, mesmo que faça sofrer.
Lacan: o amor como falta e idealização
Jacques Lacan, psicanalista francês que retomou as ideias de Freud, traz uma reflexão profunda e provocadora sobre o amor:
> “Amar é dar o que não se tem a alguém que não quer.”
Essa frase, à primeira vista, parece dura. Mas o que Lacan nos mostra é que muitas vezes amamos a partir da falta: buscamos no outro algo que nos complete, esperamos ser salvos, preenchidos ou reconhecidos.
Idealizamos o parceiro, colocamos nele a responsabilidade por nossa felicidade ou estabilidade emocional — e assim, criamos relações frustradas e insustentáveis.
Quando o padrão se repete, o sofrimento se mantém
Se você se vê constantemente envolvido(a) com o mesmo tipo de pessoa, vivendo os mesmos conflitos e dores, talvez não seja azar — mas um padrão psíquico inconsciente.
A boa notícia? Padrões podem ser transformados.
Mas para isso, é preciso tomar consciência deles.
Terapia: o caminho entre repetição e escolha
A psicoterapia oferece um espaço seguro e acolhedor para compreender essas repetições, dar nome aos afetos que você carrega e se reconectar com o seu desejo real — aquele que não está preso às feridas do passado.
Terapia não é para consertar você. É para ajudar você a deixar de repetir.
Quando você se conhece, o inconsciente perde força.
E o amor, que antes era prisão, pode se tornar escolha consciente e liberdade relacional.